Big techs – Empresas de tecnologia e outros setores correram para alertar funcionários com vistos H-1B, concedidos a estrangeiros sem cidadania americana, a respeito de viagens internacionais, em meio à decisão do presidente Donald Trump de impor uma taxa de US$ 100 mil (cerca de R$ 540 mil) para adesão ao programa.
O setor de tecnologia, que historicamente atrai talentos de todo o mundo, é um dos mais dependentes do H-1B. Gigantes como Microsoft, Alphabet (dona do Google) e Amazon enviaram mensagens urgentes aos colaboradores pedindo que retornassem aos Estados Unidos ainda no sábado e suspendessem quaisquer planos de deixar o país. A medida ocorreu após a Casa Branca anunciar que a nova regra entraria em vigor no domingo.
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Um funcionário do governo afirmou que a taxa se aplicará apenas a novos vistos, não a renovações ou detentores atuais, e só no próximo ciclo de sorteio. Mais tarde, a própria Casa Branca publicou no X (antigo Twitter) que a proclamação não altera a capacidade de viagem de quem já possui o visto.
Apesar das garantias oficiais, a confusão se espalhou. Empresas e advogados de imigração recomendaram cautela aos portadores atuais de H-1B. A Microsoft reconheceu a apreensão dos funcionários: “Entendemos que esses desdobramentos estão criando incerteza para muitos de vocês. Embora não tenhamos todas as respostas no momento, pedimos que priorizem as recomendações acima.”
Impacto direto na vida de trabalhadores
O anúncio afetou diretamente profissionais que se preparavam para mudanças importantes. Lawrence, de 34 anos, estava prestes a se mudar do Reino Unido para a Califórnia quando soube da nova regra. Com tudo embalado, carro vendido e casa alugada, ele foi aconselhado pelos advogados da empresa a permanecer em seu país até que haja mais clareza.
Um funcionário do Google relatou, sob anonimato, que cancelou uma viagem a Tóquio para visitar a família. Já a Amazon estendeu a recomendação também aos portadores de vistos H-4, destinados a cônjuges e dependentes de titulares do H-1B.
O programa H-1B é amplamente usado por empresas de tecnologia, finanças e consultoria. Amazon, Microsoft, Meta e Apple estão entre as que mais utilizam esse tipo de visto. JPMorgan Chase e Walmart aparecem entre as dez maiores empregadoras de profissionais estrangeiros com a autorização.
Todos os anos, empregadores submetem petições até março para participar do sorteio em abril, que concede 65 mil vistos, além de 20 mil para graduados de mestrado nos EUA. Em 2025, foram registradas mais de 470 mil inscrições, com início de validade a partir de 1º de outubro.
Orientações de cautela
Outras companhias, como Ernst & Young e Walmart, também enviaram comunicados pedindo a permanência dos funcionários nos EUA até que a situação esteja esclarecida. “Nossa orientação contínua é limitar viagens internacionais sempre que possível, independentemente do tipo de visto”, escreveu a consultoria em e-mail.
A advogada de imigração Rakhel Milstein, fundadora do Milstein Law Group, prevê “caos completo” diante do impacto imediato nas empresas. Segundo ela, alguns clientes que receberam carimbos de visto em consulados na Índia agora não sabem se poderão retornar aos EUA. Milstein acredita que a nova política será contestada na Justiça e que uma liminar deve ser emitida rapidamente.
(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/Taiga)