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Com características únicas, 3I/ATLAS tem natureza questionada novamente

Imagens revelam atividade incomum e possível criovulcanismo, mas objeto segue classificado como cometa

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3I/ATLAS  – Um novo estudo sobre o 3I/ATLAS, o terceiro objeto interestelar já detectado cruzando o Sistema Solar, levantou novamente a discussão sobre sua verdadeira natureza. Apesar de oficialmente classificado como cometa, análises recentes de imagens indicam comportamentos pouco comuns para esse tipo de corpo, levantando a hipótese de que ele poderia se aproximar mais de um asteroide, ou ao menos desafiar as categorias tradicionais.

O 3I/ATLAS é considerado um visitante interestelar por ter se formado fora do Sistema Solar e sido lançado ao espaço até interceptar a trajetória do Sol. Justamente por sua raridade, cada nova observação desperta intenso interesse científico e abre espaço para debates sobre sua composição e origem.

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As imagens examinadas no estudo mostram jatos de material sendo expelidos a partir de pontos específicos da superfície. Esse padrão levou alguns pesquisadores a sugerirem a presença de “vulcões de gelo”, um processo conhecido como criovulcanismo, no qual gases e materiais congelados escapam do interior do objeto.

Embora jatos e explosões não sejam inéditos entre cometas do Sistema Solar, como no caso do 12P/Pons–Brooks, apelidado de “Cometa do Diabo”, observado em 2024, a atividade do 3I/ATLAS chama atenção por ocorrer em um objeto interestelar, cuja composição química parece apresentar proporções fora do padrão conhecido.

Cometa ou asteroide?

Apesar das especulações, o estudo não propõe oficialmente uma mudança de classificação. Segundo o astrônomo amador Cristóvão Jacques, fundador do Observatório SONEAR, em Oliveira (MG), ainda não há conclusões definitivas. “Não dá para dizer que já temos uma conclusão. Vários estudos estão sendo feitos e publicados aos poucos, e ainda não existe uma resposta definitiva sobre a composição desse objeto”, afirmou em entrevista ao Olhar Digital News nesta segunda-feira (15).

Integrante da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), do Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais (CEAMIG) e da Rede de Astronomia Observacional (REA), Jacques reforça que o 3I/ATLAS continua sendo classificado como cometa, já que apresenta coma e cauda, a nuvem de gás e poeira ao redor do núcleo e o rastro luminoso formado quando o objeto se aproxima do Sol.

“O que sabemos até agora é que ele tem uma composição interessante e diferente dos cometas do nosso Sistema Solar, o que já era esperado por ser um objeto de outro sistema planetário”, explica. “Mas isso não significa que ele deixe de ser um cometa.”

A comparação com outros visitantes interestelares ajuda a contextualizar o debate. O 1I/‘Oumuamua, descoberto em 2017, foi classificado como asteroide por não apresentar coma nem cauda. Já o 2I/Borisov, identificado em 2019, era claramente um cometa. O 3I/ATLAS se encaixa nessa segunda categoria, ainda que apresente características atípicas, como a possibilidade de ser um cometa rico em metais e a presença de criovulcanismo.

“Muita coisa foi dita sobre possíveis anomalias, mas, na prática, ele não apresenta nada fora do esperado a ponto de justificar uma nova classificação”, afirma Jacques. Para o astrônomo, o excesso de especulações acabou recebendo mais destaque do que os dados permitem concluir neste momento. Ele pondera que o entendimento científico pode evoluir para subdivisões dentro da classe dos cometas, como já ocorreu em outras áreas da astronomia.

Jacques lembra que mudanças de classificação já aconteceram antes, como no caso de Plutão, considerado planeta por cerca de 70 anos até a criação da categoria de planeta anão, e de Ceres, que passou de planeta a asteroide. No entanto, no caso dos objetos interestelares, o grande desafio é o número extremamente limitado de exemplos observados. “Estamos observando esse tipo de objeto apenas pela terceira vez. É muito pouco para tirar conclusões mais amplas”, ressalta.

Para ele, a “descoberta dos sonhos” seria identificar a estrela ou o sistema planetário de origem do 3I/ATLAS. “Isso permitiria entender melhor o ambiente em que ele se formou e comparar com o que observamos hoje”, diz. Ainda assim, o próprio astrônomo reconhece que determinar essa origem com exatidão é algo extremamente difícil, talvez impossível.

Novas observações no horizonte

A expectativa é que esse cenário mude com o início das operações do telescópio Vera C. Rubin, no Chile. A previsão é de que ao menos um objeto interestelar seja descoberto por ano, ampliando significativamente a amostra disponível para estudo.

A aproximação do 3I/ATLAS com a Terra também alimentou especulações exageradas. No ponto mais próximo, ele estará a cerca de 270 milhões de quilômetros do planeta, quase o dobro da distância entre a Terra e o Sol. Segundo Jacques, essa proximidade não altera de forma significativa o conhecimento científico sobre o objeto. “Ela facilita as observações com telescópios, mas não representa um salto extraordinário no volume de informações.”

O astrônomo também descarta boatos sobre mudanças de rota ou movimentos incomuns. “O 3I/ATLAS segue exatamente a órbita prevista, sem qualquer movimento anômalo detectado até agora.”

Com uma órbita hiperbólica, o visitante interestelar atravessará o Sistema Solar apenas uma vez. Após uma aproximação de Júpiter no próximo ano, ele seguirá novamente para o espaço interestelar, sem chance de retorno. “O 3I/ATLAS continuará sua jornada por bilhões de anos, até, eventualmente, passar próximo de outra estrela”, conclui Jacques.

(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/EyeEm)

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