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EUA: IA promove mudanças no mercado e afeta áreas que lideravam TI

Advento da nova tecnologia em conjunto com política de cortes generalizados no setor público reduzem empregos e causam temor em jovens norte-americanos

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IA – Há pouco tempo, cursar Ciência da Computação ou Engenharia de Software era sinônimo de garantia de emprego e renda alta logo após a formatura no Estados Unidos. Diante disso, milhares de jovens decidiram seguir essa carreira. Hoje, porém, muitos deles enfrentam desafios em conseguir um emprego enquanto as taxas de desemprego sobrem e, em alguns casos, superam as de áreas tradicionalmente menos valorizadas.

Crescida na região do Vale do Silício, em San Ramon, Califórnia, a estudante Manasi Mishra, de 21 anos, lembra bem da mensagem que ouvia na adolescência. “A retórica era: se você aprender a programar, trabalhar duro e se formar em Ciência da Computação, poderá ganhar seis dígitos já no salário inicial”, recorda.

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Convencida dessa promessa, ela criou seu primeiro site ainda no ensino fundamental, passou por cursos avançados no ensino médio e escolheu Computação como graduação na Universidade Purdue. Mas, depois de um ano procurando vagas, se formou em maio sem receber nenhuma proposta.

“Acabei de me formar em Ciência da Computação e a única empresa que me ligou para uma entrevista foi o Chipotle”, disse em um vídeo no TikTok que já soma mais de 147 mil visualizações.

Esse contraste é resultado de um cenário novo no setor: a popularização de ferramentas de programação com IA, capazes de produzir milhares de linhas de código em instantes, e as demissões em massa ocorridas em muitas Big Techs. Entre jovens de 22 a 27 anos, as taxas de desemprego chegam a 6,1% para formados em Ciência da Computação e a 7,5% para Engenharia da Computação, mais que o dobro dos índices de recém-formados em Biologia e História da Arte, de 3%, segundo o Federal Reserve Bank de Nova York.

“Estou muito preocupado. Estudantes de Ciência da Computação que se formaram há três ou quatro anos estariam disputando ofertas das principais empresas e, agora, esse mesmo aluno está com dificuldades para conseguir um emprego em qualquer lugar”, afirma Jeff Forbes, ex-diretor de programas da National Science Foundation.

Milhares de currículos e poucas respostas

Relatos enviados ao New York Times por mais de 150 universitários e recém-formados mostram que não faltam tentativas: candidaturas a centenas ou até milhares de vagas, testes online e presenciais, entrevistas e, muitas vezes, silêncio como resposta.

Zach Taylor, 25 anos, é um exemplo. Apaixonado por programação de videogames no ensino médio, iniciou o curso na Universidade Estadual de Oregon em 2019. Desde que se formou, em 2023, enviou 5.762 candidaturas, conseguiu 13 entrevistas e não recebeu nenhuma oferta. “A busca por trabalho tem sido uma das “experiências mais desmoralizantes pelas quais já passei”, afirmou.

Sem vaga na empresa onde estagiou, tentou o McDonald’s para ajudar nas despesas, mas foi rejeitado “por falta de experiência”. De volta à casa dos pais, no Oregon, vive de seguro-desemprego.

Automação nas vagas de entrada

Para economistas, o impacto da IA se concentra justamente nas oportunidades para iniciantes. “O que é lamentável agora, especialmente para recém-formados, é que as posições com maior probabilidade de serem automatizadas são justamente as vagas de nível inicial que eles estariam buscando”, avalia Matthew Martin, da Oxford Economics.

Universidades começam a incluir o uso de IA na formação, mas a habilidade ainda é recente e muito procurada pelas empresas. Enquanto isso, candidatos tentam se destacar usando ferramentas que adaptam currículos automaticamente.

Do outro lado, companhias recorrem a sistemas de IA para filtrar inscrições, rejeitando perfis sem intervenção humana. A recém-formada em ciência de dados Audrey Roller prefere destacar a criatividade e escrever manualmente suas candidaturas, mas já recebeu respostas negativas em minutos.

“Algumas empresas estão usando IA para filtrar candidatos e eliminando o aspecto humano. É difícil se manter motivado quando você sente que um algoritmo determina se você consegue pagar suas contas”, disse.

Ensinar IA vira oportunidade

Nem mesmo quem busca estabilidade no governo encontra terreno fácil. Jamie Spoeri, formada este ano pela Universidade Georgetown, enviou mais de 200 candidaturas para órgãos públicos, empresas e ONGs.

No entanto, cortes e congelamentos de vagas federais promovidas pelo governo Trump dificultam a entrada, e a IA torna a concorrência ainda mais dura. “É desanimador perder oportunidades por causa da IA. Mas acredito que, se conseguirmos nos adaptar e encarar o desafio, isso também pode abrir novas portas”, afirmou.

Com o cenário em transformação, programas de incentivo à tecnologia voltam seu foco para a inteligência artificial. O país norte-americano tem um plano nacional para aumentar a oferta de empregos no setor de IA.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/EyeEm)

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