3I/ATLAS – A astronomia pode estar prestes a testemunhar um feito histórico. A partir desta quinta-feira (30), a sonda Europa Clipper, da NASA, pode cruzar com a cauda do cometa 3I/ATLAS, um visitante interestelar que atravessa o Sistema Solar. Se a previsão se confirmar, será a primeira vez que uma espaçonave passa pela região de partículas de um objeto vindo de outro sistema estelar, o que abre a possibilidade de coletar amostras sem alterar sua rota.
O cenário foi previsto pelos cientistas Samuel Grant, do Instituto Meteorológico Finlandês, e Geraint Jones, da Agência Espacial Europeia (ESA), em um estudo disponível no repositório científico arXiv. De acordo com as simulações, o alinhamento entre o Sol, o cometa e a sonda ocorrerá entre 30 de outubro e 6 de novembro, quando partículas da cauda do 3I/ATLAS poderão alcançar o caminho da Europa Clipper.
LEIA: Indústria de máquinas do Brasil dribla tarifas dos EUA e registra alta nas exportações
Usando o software Tailcatcher, Grant e Jones modelaram o comportamento do vento solar – fluxo de partículas emitidas pelo Sol – e descobriram que ele pode carregar íons da cauda do cometa até a trajetória da sonda. Caso isso ocorra, a nave poderá detectar material de fora do Sistema Solar pela primeira vez na história.
Até hoje, apenas dois objetos desse tipo foram confirmados – o ‘Oumuamua (2017) e o Borisov (2019) – sem que nenhuma sonda conseguisse atravessá-los. O 3I/ATLAS, portanto, pode marcar o primeiro contato direto com matéria vinda de outra estrela.
Cauda iônica e vento solar
Cometas são compostos de gelo, poeira e rochas. Ao se aproximarem do Sol, liberam gases que formam duas caudas: uma de poeira e outra de íons, empurrada na direção oposta ao Sol. É justamente essa cauda iônica que pode cruzar o caminho da sonda.
O sucesso da observação, no entanto, depende das condições do vento solar. Ele precisa soprar com intensidade e direção ideais para transportar as partículas até a Europa Clipper, que atualmente está a mais de 300 milhões de quilômetros do Sol, após um sobrevoo em Marte.
O cometa, por sua vez, atingiu seu periélio – ponto mais próximo do Sol – nesta quarta-feira (29), a cerca de 200 milhões de quilômetros, o que aumenta sua atividade e estende sua cauda, ampliando as chances de detecção.
Novas possibilidades
Outra sonda, a Hera, da ESA, também pode cruzar ventos contendo partículas do 3I/ATLAS, mas não possui instrumentos adequados para medi-las. A Europa Clipper, projetada para estudar o ambiente de Júpiter e sua lua Europa, tem sensores capazes de detectar partículas carregadas e campos magnéticos – exatamente o tipo de dado necessário.
Mesmo se não houver detecção, os cientistas afirmam que o cruzamento previsto já representa um avanço metodológico. O Tailcatcher já havia acertado, em 2020, a previsão de que a sonda Solar Orbiter cruzaria a cauda do cometa C/2019 Y4 – resultado confirmado posteriormente.
Grant e Jones acreditam que eventos acidentais como este podem abrir uma nova era na exploração de objetos interestelares, reforçando o papel de missões como a Comet Interceptor, planejada pela ESA para 2029.
(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/ultrakant)
 
                                                                                                                                                 
                                                                                                     
				             
				             
				             
				             
                             
                                         
				             
				             
				             
				             
				             
				             
				             
				             
				             
 
			         
 
			         
 
			        