Intel – Os Estados Unidos oficializaram a compra de 10% de participação na Intel após anunciar um aporte de US$ 8,9 bilhões na empresa de semicondutores. O investimento é viabilizado por subsídios federais já autorizados pela gestão de Donald Trump.
Em sua rede Truth Social, o presidente classificou o movimento como um “grande acordo” tanto para o país quanto para a fabricante. “Produzir semicondutores e chips de ponta, que é o que a Intel faz, é fundamental para o futuro de nossa nação”, escreveu.
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As ações serão adquiridas a US$ 20,47 cada — valor abaixo do fechamento da última sexta-feira (US$ 24,80), mas em linha com cotações do início de agosto. A transação recebeu o aval do conselho da Intel, sem necessidade de aprovação dos acionistas.
O governo norte-americano também se comprometeu a apoiar votações de deliberações da diretoria, mas não terá representante no conselho.
“O foco do presidente Trump na fabricação de chips nos Estados Unidos está impulsionando investimentos históricos em uma indústria vital, essencial para a segurança econômica e nacional do país. Estamos gratos pela confiança que o presidente e o governo depositaram na Intel e esperamos trabalhar para avançar a liderança dos Estados Unidos em tecnologia e manufatura”, declarou Lip-Bu Tan, CEO da companhia.
Apoio do setor de tecnologia
Durante o anúncio, líderes de empresas como Microsoft, Dell, HP e Amazon expressaram apoio à iniciativa. Vale lembrar que tanto Microsoft quanto Amazon já haviam firmado parcerias com a Intel em projetos ligados à produção de chips.
A medida reforça a estratégia intervencionista de Trump em setores considerados estratégicos. Recentemente, Nvidia e AMD aceitaram direcionar 15% das receitas obtidas com vendas de chips de inteligência artificial ao governo para manter a autorização de negociar com a China.
As negociações para a entrada do governo na Intel ganharam força após uma reunião entre Donald Trump e Lip-Bu Tan. O encontro foi motivado pela pressão presidencial para que o executivo deixasse o cargo devido a suas ligações anteriores com companhias chinesas. Apesar do impasse, Trump descreveu a conversa como “muito interessante”.
Na semana passada, a Bloomberg já havia antecipado que Washington estudava adquirir participação na Intel, alinhado à política de intervenção direta em setores estratégicos como semicondutores e terras raras.
Especialistas do mercado, no entanto, veem riscos nesse modelo. “As empresas estão colaborando de forma pragmática, mas veem esse cenário como possivelmente temporário”, avaliou Clark Geranen, da CalBay Investments.
Paralelo com a crise de 2008
A presença do governo como acionista de grandes empresas não é novidade. Durante a crise financeira de 2007 a 2009, os EUA compraram fatias de companhias como a General Motors, vendidas apenas em 2013.
No caso da Intel, o apoio federal já vinha sendo relevante: em 2024, a fabricante recebeu quase US$ 8 bilhões em subsídios para erguer fábricas em Ohio e outros estados — um projeto desenhado pelo então CEO Pat Gelsinger para retomar a liderança global em chips.
Tan, no entanto, desacelerou a expansão para alinhar a produção à demanda real, o que pode gerar tensão com a visão de Trump de acelerar a capacidade de fabricação doméstica a qualquer custo.
(Com informações de It Fórum)
(Foto: Reprodução/Freepik/EyeEm)