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Golpes virtuais estão cada vez mais sofisticados com ajuda da IA

Estudo analisou casos de golpes aplicados no Brasil e identificou que ações constroem “jornadas fraudulentas” aproveitando-se de fragilidades das vítimas

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Golpes virtuais – Páginas fraudulentas que simulam grandes lojas, campanhas promocionais irreais de produtos inexistentes e até perfis clonados do governo federal. Um novo levantamento da Lupa, intitulado “A Jornada dos Golpes: como redes sociais e apps de mensagem são explorados por golpistas e fraudadores no Brasil”, revela como os golpes virtuais se tornaram mais organizados e sofisticados.

Com base em 142 casos apurados pela Lupa entre 2020 e 2025, o relatório traça um panorama preocupante de fraudes digitais cada vez mais complexas e bem estruturadas. O estudo afirma que essas ações constroem “verdadeiras jornadas fraudulentas”, aproveitando-se de fragilidades emocionais, cognitivas e digitais das vítimas.

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A análise dos dados indica que 93% das fraudes analisadas ofereciam recompensas financeiras imediatas — como descontos, brindes ou promoções — apelando para o desejo de lucro rápido. Muitas dessas práticas também utilizavam nomes de empresas conhecidas ou pessoas públicas para dar mais credibilidade às ofertas falsas.

Esse é o primeiro relatório elaborado pelo Observatório Lupa, iniciativa criada para sistematizar padrões de desinformação, organizar dados e antecipar ameaças no meio digital com base na experiência adquirida pela agência nos últimos dez anos.

Lógica de campanha publicitária

O estudo descreve que as fraudes seguem uma lógica de “jornada”, estruturadas com recursos típicos de marketing digital e engenharia social. O objetivo é ganhar a confiança da vítima para obter pagamentos ou dados sensíveis.

De acordo com o relatório, essas ações são cada vez mais profissionais: os golpistas registram domínios, produzem peças visuais elaboradas, investem em anúncios pagos nas redes sociais e demonstram planejamento técnico. As fraudes se assemelham a campanhas de marketing, mas com intenção criminosa.

Entre os métodos mais usados está o phishing — técnica que envia mensagens com ofertas enganosas para capturar dados pessoais. Em 93% dos episódios analisados, os criminosos prometiam alguma vantagem financeira imediata. Os ataques costumam acontecer via WhatsApp, Facebook e Instagram, redirecionando os usuários para sites com visual profissional, onde são induzidos a preencher cadastros ou formulários — informações posteriormente usadas em fraudes bancárias, clonagens ou outras práticas ilegais.

O uso indevido de logotipos de marcas famosas e imagens de celebridades tornou-se uma tática predominante. Desde 2020, 77% das fraudes analisadas fizeram uso desse recurso. Em 2025, esse número subiu para 90% dos casos verificados até maio. Os criminosos aproveitam a confiança que o público deposita em figuras conhecidas e instituições legítimas para tornar as armadilhas mais verossímeis.

Falsas promoções lideram estratégias

O setor mais explorado pelas fraudes é o varejo. Entre os 142 golpes analisados, 62 (ou 43%) usaram como isca promoções, brindes ou descontos em grandes redes do comércio. As ações costumam se basear em datas comemorativas e campanhas promocionais falsas.

Entre os exemplos documentados estão um suposto kit de Natal da Bauducco e uma promoção enganosa da Saraiva que oferecia livros gratuitos. Também circularam falsos cupons de desconto atribuídos ao Outback, Carrefour e grandes varejistas como Casas Bahia, Magazine Luiza e Mercado Livre — principalmente em datas como a Black Friday.

Outro foco recorrente dos golpistas são os programas sociais governamentais, envolvidos em 34 dos casos. Com o uso de linguagem institucional e explorando o interesse da população por benefícios públicos, as fraudes convencem as vítimas de que têm direito a valores ou serviços. Entre os alvos mais recorrentes estão o Desenrola Brasil, o Auxílio Reconstrução (para vítimas das enchentes no RS), o INSS e o 13º salário.

Uso de IA

O relatório também aponta um salto na profissionalização dos golpes a partir de 2023, com o uso crescente de inteligência artificial (IA) para produzir deepfakes — vídeos falsos que simulam declarações de apresentadores, políticos e influenciadores digitais, cujo prestígio é explorado para dar legitimidade às fraudes.

Segundo o estudo, esse tipo de vídeo passou de três em todo o ano de 2024 para 11 apenas entre janeiro e maio de 2025. Tanto vídeos tradicionais quanto gerados por IA conferem uma aparência convincente às falsas promessas, estimulando o compartilhamento de informações pelas vítimas. Imagens de personalidades públicas são usadas para tornar os conteúdos ainda mais críveis.

Entre os casos recentes está um vídeo adulterado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em que ele supostamente orienta cidadãos a consultar “valores a receber” por meio de um site falso. Em outra fraude, um vídeo forjado atribuía ao Reclame AQUI a criação de um programa fictício para ressarcimento de vítimas de golpes.

Em abril de 2025, circulou um deepfake do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), no qual ele aparecia promovendo uma falsa indenização de R$ 10 mil oferecida pelo Nubank. A fraude era espalhada via WhatsApp e levava os usuários a um site que imitava a identidade visual do banco, onde as vítimas eram induzidas a inserir dados pessoais para receber o suposto valor.

Além da tecnologia, os golpistas se valem de táticas psicológicas que exploram fragilidades emocionais e cognitivas das pessoas. “As pessoas estão mais expostas a esse tipo de manipulação porque o ambiente digital favorece a distração e a pressa”, afirma a diretora-executiva da Lupa, Natália Leal.

Esse conjunto de elementos — apelo emocional, aparência profissional e uso de IA — é o que torna os golpes digitais cada vez mais eficazes e perigosos.

(Com informações de Lupa)
(Foto: Reprodução/Freepik)

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