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Setor privado testa compartilhamento de dados médicos entre instituições

Projeto liderado pelo InovaHC busca integrar informações de saúde com consentimento do paciente para agilizar atendimentos e reduzir custos

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Dados médicos – Um grupo de hospitais privados, laboratórios e operadoras de planos de saúde começa a testar, nos próximos meses, um modelo de compartilhamento de dados médicos entre diferentes instituições. A proposta, liderada pelo InovaHC, núcleo de inovação tecnológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP), é inspirada no open finance e visa permitir que, com autorização do paciente, médicos tenham acesso a prontuários completos, mesmo fora da instituição de origem.

A interoperabilidade entre sistemas é o principal desafio. Atualmente, hospitais e laboratórios já operam com dados digitalizados, mas em plataformas fechadas. O projeto busca padronizar essas informações para que possam ser acessadas por profissionais de saúde em diferentes locais.

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“Queremos que os hospitais tenham acesso às informações para oferecer um atendimento melhor”, diz Marco Bego, diretor executivo do InovaHC. “Você vai a um pronto-socorro hoje e os médicos não sabem quem você é.”

Na fase final de negociação para o piloto estão hospitais como Sírio-Libanês, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Oswaldo Cruz, além das redes diagnósticas Dasa, Fleury e Sabin. A expectativa é que o sistema entre em funcionamento em até 120 dias. A rede de farmácias RD (Raia Drogasil) e a Bradesco Saúde também devem participar.

Dados integrados e economia de recursos

O compartilhamento de informações pode tornar os atendimentos mais eficientes e reduzir desperdícios no setor, segundo Antônio Britto, diretor executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

“Toda vez que alguém vai ao médico, tudo começa de novo. Isso faz o paciente e o profissional perderem tempo e o hospital e a operadora de plano de saúde desperdiçarem recursos.”

No Hospital Sírio-Libanês, o projeto é visto como oportunidade de gerar ganhos operacionais. “Se os players não se conversam, se o dado não trafega, há muita dificuldade em trabalhar como um sistema”, afirma Daniel Greca, diretor de Inovação da instituição. Para ele, a interoperabilidade pode evitar exames repetidos e intervenções desnecessárias.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que, na saúde suplementar, os dados assistenciais são enviados pelas operadoras por meio do Padrão TISS. A agência avalia que a interoperabilidade é essencial para reduzir desperdícios e melhorar o uso dos recursos.

Experiência do SUS e proteção de dados

O projeto é acompanhado pelo Ministério da Saúde. Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital, destaca que o Sistema Único de Saúde já conta com uma plataforma própria de interoperabilidade, a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), que adota os padrões da Organização Mundial da Saúde. Segundo ela, a proposta do HC pode servir como ponte para uma integração futura entre os setores público e privado.

A proteção de dados, no entanto, é motivo de atenção. Marina Paullelli, coordenadora do programa de Saúde do Idec, considera que a iniciativa pode ser positiva, desde que os dados sejam usados estritamente no contexto do atendimento médico ou por interesse público.

“As informações não podem ser usadas para a criação de publicidade personalizada, nem para seleção de risco”, afirma. A preocupação é compartilhada por Ana Estela, que enfatiza: “Quem vai acessar os dados é o usuário e o profissional na hora do atendimento. Esse é o princípio a ser respeitado.”

A professora Ana Maria Malik, da FGVSaúde, reforça a importância de impedir usos indevidos. “O ponto de atenção é o cuidado para que os dados das pessoas não sejam usados para bloquear o acesso aos convênios nem que sejam acessados pelas empresas empregadoras.”

Para Marina, o ideal é que o sistema utilize o Cartão Nacional de Saúde (CNS) como identificador, e não o CPF, além de garantir que os usuários possam editar, corrigir ou excluir dados sempre que desejarem. Ela ressalta que a regulamentação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) sobre o uso de dados na saúde ainda está pendente.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/vkstudio)

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