Horário de Atendimento: Das 9h as 15h | Sede: (67) 3321-2836 | [email protected]
Home Notícias Isentos de IR, lucros e dividendos batem recorde de R$ 1 trilhão
Notícias

Isentos de IR, lucros e dividendos batem recorde de R$ 1 trilhão

Renda proveniente de lucros e dividendos no Brasil cresceu R$ 129 bilhões na comparação com o ano anterior

237

Imposto de renda – A renda proveniente de lucros e dividendos no Brasil alcançou um novo recorde em 2023, chegando a quase R$ 1 trilhão – um aumento de R$ 129 bilhões em relação ao ano anterior. Quase metade desse total foi embolsado por apenas 160 mil pessoas, que representam o 0,1% mais rico da população. Os dados são das declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) referentes ao ano-base de 2023.

Os valores provenientes de lucros e dividendos seguem isentos de Imposto de Renda. Entre os 5,6 milhões de declarantes que receberam esses rendimentos, um único contribuinte se destacou ao declarar ganhos de R$ 5,1 bilhões provenientes de lucros e dividendos apenas em 2023 – sem pagar qualquer tributo sobre esse valor.

LEIA: Contratação de Jovens Aprendizes cresce 12% em 2024 e bate recorde

Essa distorção no sistema tributário brasileiro serve de base para a demanda do movimento sindical de isentar o Imposto de Renda sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) paga aos trabalhadores. A pauta, defendida pela Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) há anos, foi apresentada a Lula por Antonio Neto, fundador da Fenati e presidente da CSB e do Sindpd-SP, durante um encontro no fim de abril de 2023 e prontamente abraçada pelo chefe do Executivo, que se comprometeu a propor a isenção.

Dias depois da reunião, no evento das centrais sindicais de 1º de maio daquele ano em São Paulo, o presidente Lula falou sobre o assunto em seu discurso aos trabalhadores.

“Se o patrão não paga imposto de renda sobre o lucro, se o patrão não paga imposto de renda sobre o dividendo que ele recebe, por que que os trabalhadores têm que pagar imposto no PLR? Por quê? Então nós estamos estudando, o Haddad estava na reunião, para quem sabe no próximo ano, da mesma forma que um patrão que ganha milhões não paga sobre o lucro, o trabalhador não pode pagar imposto de renda sobre a participação dele no lucro da empresa”, afirmou no evento.

No entanto, nenhuma proposta foi apresentada neste sentido no ano seguinte, embora o presidente tenha voltado a abordar a questão durante visita a uma fábrica de automóveis em agosto do ano passado.

“Todo mundo que ganha muito não paga Imposto de Renda. O cidadão que ganha R$ 2 milhões de bônus não paga Imposto de Renda. E é o povo, é o pobre, o trabalhador não tem como escapar porque vem descontado no contracheque dele. Eu só estou esperando a oportunidade para que a gente possa dar o bote e aprovar o fim do Imposto de Renda no PLR”, garantiu.

Como a ideia ainda não avançou, a proposta foi incluída na Pauta da Classe Trabalhadora 2025, documento que organizou as medidas consideradas prioritárias pelo movimento sindical para os trabalhadores. Antonio Neto ressaltou o tema mais uma vez no encontro das centrais com o presidente da República em 29 de abril, quando entregaram a ele um exemplar da Pauta.

Imposto mínimo sobre milionários

Embora não haja uma discussão específica sobre a tributação de lucros e dividendos em andamento, o Congresso analisa um projeto, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), que propõe a criação de um imposto mínimo de até 10% sobre a renda de milionários, com o objetivo de compensar a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais a partir de 2026. A medida também prevê retenção de 10% sobre dividendos enviados ao exterior já em 2025.

Segundo o economista Sergio Gobetti, convidado a debater o tema em audiência pública, a proposta tem alcance limitado, mas pode dar algum grau de progressividade ao sistema tributário. “Apesar de não alterar significativamente a concentração de renda, a medida resgata um mínimo de justiça fiscal no topo da pirâmide”, afirmou.

Os dados revelam que apenas 244 mil declarantes receberam mais de R$ 610 mil em dividendos – valor próximo do limite a partir do qual a alíquota de 10% incidiria, caso a proposta seja aprovada. A Receita Federal estima que mais de 90% da arrecadação do novo imposto (IRPF-M) viria de contribuintes com renda anual superior a R$ 1,2 milhão.

No entanto, análises indicam que menos da metade dos 190 mil brasileiros nessa faixa de renda efetivamente pagariam o adicional, já que muitos já recolhem impostos equivalentes ou superiores à alíquota mínima proposta.

Rendimentos financeiros

Além do aumento nos dividendos, os dados da Receita mostram um salto nos rendimentos de aplicações financeiras, que passaram de R$ 133,7 bilhões em 2022 para R$ 399,7 bilhões em 2023. O crescimento reflete mudanças na legislação, que passou a tributar estoques acumulados em fundos offshore e fechados, com alíquota reduzida de 8% para quem aderiu a um regime de transição em 2023.

Desigualdade em alta

A concentração de renda no topo segue aumentando: o 1% mais rico detinha 24,4% da renda total em 2023, contra 20% em 2017. Já o grupo dos 0,1% mais ricos concentrou 12,5% da renda em 2023, o maior patamar da série histórica.

Embora pesquisas como a Pnad (IBGE) apontem melhora na distribuição da renda do trabalho, os dados do IRPF sugerem que a desigualdade ampla – incluindo ganhos de capital e dividendos – permanece estável ou em piora.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/shutterphu)

Posts relacionados

Navegador da OpenAI deve estrear em breve e concorrer com Chrome

Nova plataforma deve reformular a experiência de navegação online ao incorporar inteligência...

Possível cura para calvície tem resultados promissores em testes

Molécula descoberta por cientistas da Universidade da Califórnia estimula crescimento de novos...

Caixa distribuirá lucro do FGTS de 2024 até 31 de agosto

Valores ainda não foram divulgados, mas conforme decisão do STF rendimento do...

Cesta básica compromete 56% do salário mínimo em Campo Grande

Capital do Mato Grosso do Sul tem a quinta cesta básica mais...